sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dar e baralhar a outra face



Qual é a primeira coisa que nos ocorre quando nos lembramos de um amigo?
Do seu rosto! É ou não é? Só depois vêm o nome, as memórias, as conversas, as aventuras, o estado social, a família dele, o que faz, por onde anda e etc.

O rosto de uma pessoa, ou face (ou cara), é o primeiro dado que memorizamos de alguém. Será devido à memoria visual, o “olho” da nossa mente que cataloga cada experiência visual, que nos lembramos dos rostos das pessoas quando muitas vezes esquecemos o nome das próprias?

A face é, assim, o elemento mais importante para a designação de alguém, logo seguida pelo corpo e pela forma de vestir. Nela encontramos os olhos (que podem ou não ser o espelho da alma), a boca (para a qual olhamos com sentimentos dúbios, que podem ir do prazer de um sorriso encantatório ao interesse pelas palavras proferidas), as rugas, os sinais, a forma e muitos etc..

São, acima de tudo, sinais exteriores. E são estes, quer queiramos quer não, que nos impelem a desejar conhecer certa pessoa em detrimento de outra. A questão da beleza e riqueza interior nunca se coloca num primeiro olhar.

Foi assim que o Mark (com ou sem os associados) concebeu o Facebook: um livro digital de rostos!
No Facebook, valemos pela foto que disponibilizamos no perfil. Podemos escolher outro tipo de imagens, mas terá de ter um teor pessoal, mesmo que seja um herói de banda desenhada, um automóvel, uma figura que admiramos.

O Facebook é, deste modo, um agregador de rostos que nos saciam os sentidos imediatos, logicamente sem contar com os amigos chegados e conhecidos da vida. Os novos contactos dão-se porque se gosta daquela face, dos olhos, do sorriso, do cabelo. É uma espécie de lista telefónica de possibilidades sem limites, mesmo escondidas sob pedidos de “amizade”, quando só se procura o próximo alvo, muito facilitado porque o mundo é um “ó” onde temos sempre um amigo que é amigo desse rosto que queremos conhecer.

Os jovens ainda não entenderam bem como tudo isto funciona e colocam sem pudor variadíssimas fotos de férias, borgas, festas, convívios. Dão, deste modo, todas as informações sobre o seu rosto, corpo, locais de férias, bairros preferidos para as saídas nocturnas, etc.
É só fisgar um e seguir todos os seus passos para, inevitavelmente, chegarmos ao contacto físico.
Há que entender isto, por muito que custe... e tentar aconselhá-los.

Chegamos à conclusão que o Facebook é um embuste, pouco servindo os interesses reais da maior parte dos utilizadores, encurralando-os numa espécie de vertigem social a que é necessário pertencer e, acima de tudo, estar bem vivo e com saúde sob a forma de postagem diária.

O que o Mark deveria ter feito, era um Friendbook. Mas como, se sabemos que o rapaz é um cromo que conhecia o insucesso social, um geek que não fazia parte do grupo dos populares, um freak que acredita que usar chinelos é cool?

Ele nunca pensou na verdadeira amizade, mas sim no voyeurismo puro e duro.

Nada tenho contra o Facebook, pois utilizo-o de formas “normais”: o de realmente contactar amigos que vivem muito longe ou mesmo aqui ao lado, o de reencontrar pessoas há muito desaparecidas da minha vida e promover algumas coisas que faço, profissionais ou autorais.

Portanto, utilizo-o bem mais como Friendbook do que Facebook.   
E isso dá-me alguma paz de espírito, quando habito o terceiro país mais populoso do mundo... e em franco crescimento.

Imaginem um mundo friendbookiano onde, para além dos “likes”, “comments” e “shares”, existissem botões tipo “I miss you”, “Dinner tonight? Bring the gang” ou um simples “see you later”.

‘Bora fazer um como deve ser?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

De par em par, uma nesga escancarada


 
Existe um tema que provoca acesa discussão entre amigos quando é abordado: será que se deve mostrar a casa às visitas ou não?
Tenho-me divertido bastante com as variadíssimas opiniões de todos quantos conheço.

Uns dizem que sim, que é boa educação e coloca o convidado à vontade.
Outros dizem que não, pois ninguém deve ter acesso à parte não social.
Uns dizem que é de bom tom.
Outros dizem que parece que estamos a vender o imóvel com o recheio.
E assim por diante.

O que é engraçado é que todos têm uma opinião, mas por vezes a posição difere na prática. Muitos dos que não gostam de mostrar a casa, têm de fazê-lo quando o conviva exclama “ai, mas que linda, onde são os quartos” e etc. Outros que até gostam de mostrá-la, ficam pendurados na fronteira entre a parte social e a privada, observando quem chega a instalar-se rapidamente nos sofás.

Depois de fazer uma muito breve pesquisa na internet, não cheguei a conclusões. Ao que parece é de bom tom, com pode não sê-lo. É agradável para a visita saber o que e onde pisa, como pode ficar acabrunhada pelo show off do anfitrião. É claro há excepções, como quando se faz umas obras valentes ou se compra aquele móvel que se deseja mostrar a toda a gente. São situações pontuais por que todos passamos.

Vai daí, olhei para mim e pensei no que faço.
Pensei, pensei e, de repente, dei por mim a mostrar a casa a algumas pessoas e a evitar fazê-lo a outras.
Como não tenho o costume de convidar indivíduos que não prezo (embora alguns demonstrassem falta de carácter após uns tempos), estranhei esta selecção.
Pensei, pensei e, de repente, cheguei a uma conclusão: não sou eu que mostro ou deixo de mostrar, são os convidados que demonstram interesse ou falta dele.

E fez-se luz.

Na verdade, o português gosta de mostrar a casa a quem convida. Gosta de falar daqueles livros que tem na estante, ou do quadro que herdou da avó. Gosta de mostrar a LedTV que custou uma “pechincha” em saldo no hipermercado, como o Magalhães que comprou para o puto mais novo.
Em tudo o que mostra tem, muitas vezes, o cuidado de apontar que não está ali nenhuma fortuna. Os pertences ou foram conseguidos com muita sorte e oportunidade, ou oferecidos ou outra coisa qualquer.
Parece que temos vergonha de ter o que temos... mas depois gostamos de mostrar os teres e haveres.

Confesso que gosto de mostrar alguns dos meus tarecos. Tão somente porque gosto tanto deles que tento que outros os apreciem.
E isso pode ser tanta coisa... por exemplo, a 1ª edição que encontrei no alfarrabista e que, atenção, custou poucos euro, o dvd super special edition que mandei vir pela Amazon e que trás outro disco cheio de extras, mas que ficou pelo preço do normal cá nas fnacs, o móvel das gavetinhas que é lindo e que consegui por excelente preço devido à mudança de casa de um amigo, etc., etc.

Muitos amigos aponta-me o defeito, talvez porque estão fartos de ouvir as explicações sobre a origem dos elementos, e meio a sério, meio a brincar, gritam “olha, não te esqueças de mostrar a despensa e a casota do animal lá na varanda”.

Todos rimos, mas não deixa de ser uma boa questão... pode-se mostrar uma parte da casa e a outra não? É de bom ou mau tom? É educado ou indelicado?
Em que ficamos?

Uma coisa é certa: é um comportamento lusitano! Ou português, pois os brasileiros fazem o mesmo e têm as mesmas dúvidas.
O que pensará um cámone quando lhe abrimos as portas?

Pior... o que pensaremos nós deles se ficarmos fechados na sala de refeições apenas com acesso ao lavabo social?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Valentim foi um valente que disse um sim



Corações ao alto, hoje é dia dos namorados!

Para uns é apenas o dia (aliás, algumas horas após o emprego) em que podem voltar a ser aquilo por que a cara metade se apaixonou em tempos idos.

Para outros, eternos românticos, é uma data ansiada para a qual prepararam um programita (após o emprego) que se inicia com um jantar num restaurante mais especial que o normal, seguido por uma oferenda que se traduz, em 90% dos casos, por um perfume, uma rosa ou um ramalhete delas, um leitor mp3 e, para finalizar, um chocolate final na almofada do leito para aquecer o ambiente, entretanto esfriado com o passar do tempo.

Depois há aqueles que podem ou não dar importância à data mas que estão sem cheta no bolso para alegrar a cara metade.
A estes vou dedicar mais atenção, pois são os que realmente se preocupam.
Preocupam-se com muita coisa, desde o não ter hipótese de comprar uma prenda, passando pela vergonha de não ter hipótese de comprar uma prenda, até à apresentação de desculpas por não ter hipótese de comprar essa mesma prenda.

Este grupo subdivide-se em dois. Os que, tão preocupados, se fecham a sete chaves no seu coração, podendo até mesmo desaparecer durante esse dia para percorrer a pé alguns km na vã busca pela resposta aos problemas, e os que, mesmo preocupados, inventam formas de poder, ainda assim, oferecer alguma coisa à sua paixão.

Estes são, quanto a mim, os verdadeiros românticos e eternos apaixonados por quem escolheram. E, bastas vezes, têm a fortuna de serem amados de volta. Não é extraordinário, perguntará o mais à vontade na crise, que esses pobres coitados conheçam o amor que ele, cheio de crédito, não vive? Pois a vida é mesmo assim e o amor não se paga. Pode comprar-se um bocadinho dele, mas nunca uma metade ou a peça inteira.

O amor de um namorado - e repare-se que mesmo uma pessoa casada pode continuar a ser namoradeira - não tem preço. Nem etiqueta. Nem promoções ou descontos em talão. Nem vai em cantigas. Nunca estará em saldo e nunca se fabricará na China. É mesmo “gostar de”, com todas as frases que surgiam nos cromos da colecção “o amor é” e que os petizes desdenhavam nesses tempos antigos... até se apaixonarem por alguém.

Uma prenda oferecida por este subgrupo é sempre fantástica e adorada por quem a recebe. Pode ser quase tudo, desde um raminho de salsa que será metido no tacho com a refeição preparada em surpresa, como um molho de flores selvagens apanhadas no caminho para casa, um livro que está na prateleira e que é o preferido mas que agora passa de mãos, um passeio mesmo à chuva só porque é raro o fazerem a pé, um daqueles pertences que temos esquecidos mas que sabemos perfeitos para a ocasião, uma carta de verdadeiras intenções escrita com cuidado para se perceber a letra, um poema, uma canção, uma promessa, um brinde a tempos melhores mas na mesma companhia, tanta, tanta coisa.
A lista pode ser infindável.

E quem diz que o dia dos namorados é todos os dias, esqueça. Isso é o mesmo que afirmar que o natal é quando um homem quer ou que a galinha da vizinha é melhor que a minha.
Todos sabemos que é assim, mas ter uma data específica para o celebrar não é, de todo, mau.

Apenas nos reforça o sentimento de todos os dias mas que, por diversos motivos, o vamos esquecendo e tapando com as vicissitudes que a vida impõe.

Portanto, hoje é (mais um) dia para aconchegarmos quem está ao nosso lado, dar um abraço apertado e sentido, olhar nos olhos e relembrar os porquês da escolha e sentirmo-nos felizes por ter alguém que nos ature.

Nem que seja em americano e com balões em forma de coração.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Perde-se tempo precioso a cada minuto que passa



Se ontem havia tempo de sobra, hoje há falta de tempo.
O que mudou neste entretempo?
A resposta é muito simples: a tecnologia.
Pois é. Pura e simplesmente a tecnologia.
Vamos a contas.

Sou um garoto nascido mesmo na metade dos anos sessenta. Sendo assim, ultrapassei como pude a década mais horripilante de todas, essa tal dos 70, em que toda a gente se vestia de forma a não conseguir parceiro sexual, cuja revolução aconteceu somente devido a excessos e a experiências com substâncias não muito católicas.

Lembro-me, porém, mesmo vestido e calçado pela minha mãe, com boca de sino a tapar as botas de pele de carneiro e camisas cintadas cujo colarinho chegava à costura da manga, que tinha amigos. Amigos no masculino. Isso das miúdas era para outras idades.
Passava a manhã na escola, chegava a casa para almoçar e fazer os TPC. Depois, bom, depois tinha tempo livre para fazer o que bem entendesse, desde que não saísse dos domínios da avenida. Tive a sorte de nascer e viver num bairro com jardins, o que permitiu muita subida às árvores, muita futebolada, muita apanhada e toca-e-foge, muito berlinde, muita queda das bicicletas e dos skates, e muito ténis-de-parede.

Com os meus inúmeros amigos, sobrevivia a este ritmo fisicamente esforçado. E, no final das tardes, ainda tinha tempo para ler um qualquer livro da Blyton, do Verne ou do Doyle, passando pelo Graton, Goscinny, Hergé e Disney, entre tantos outros.
Pedi ao meu pai que comprasse aqueles livros de “cultura”, pesados e cheios de bonecada, que o Circulo dos Leitores vendia, para além de colecções sobre as guerras mundiais, os clássicos da literatura, e tanta outra descoberta.

Num repente, um dos vizinhos tocou a todas as portas e pediu-nos para ir lá a casa. Deparámo-nos com uma coisa esquisita, com um teclado de borracha, e uns cabos que se ligavam ao televisor. Essa máquina do demo encantou-nos e retirou-nos da rua, o que naquela altura não era sinónimo de perdição.
As horas seguintes foram passadas em grupo com a maquineta. As primeiras discussões também, pois todos nós queríamos chegar à nossa vez para não mais a largar. E os pais perceberam que tinham de desembolsar uma quantia avultada para dar ao respectivo petiz histérico essa tal coisa chamada Spectrum.

Eu não tive um Spectrum. Portanto, descobri as miúdas uns anos mais cedo. E segui essa felicidade e facilidade por não ter concorrência, pois ninguém saía dos quartos.

Passado pouco tempo, tive o meu primeiro computador, um bicho a que chamaram Commodore Amiga. Imaginem o gozado que fui por ter uma “amiga” lá em casa... Esse maquinão ajudou-me a encaminhar a vida. Com ele descobri programas que editavam vídeo e áudio. Com ele descobri que se podia controlar sintetizadores e fazer música. Fora os magníficos jogos, que me afastaram dessa vida horripilante ao ar livre e em constante esforço físico com consequências nefastas para o corpo humano.

Comecei a ter falta de tempo.

Principalmente quando comprei o primeiro Macintosh. Depois o primeiro PC. Depois o primeiro telemóvel e depois o primeiro portátil.

Num repente, deixei de ver os amigos de sempre e passei a ter outros. Cada qual com a sua máquina de eleição e poucos com telemóvel e carro. Já tínhamos mais de 20 anos e, pasme-se, íamos de transportes públicos para todo o lado. O horror...

O dia passava entre o estudo, as máquinas, os projectos, alguns trabalhos para ganhar dinheiro, as matinés e as noites, ora no cinema, ora no Bairro Alto entretanto a acordar das leitarias e das velhas prostitutas de rua.

Não havia tempo para mais nada.
Mas as horas eram preenchidas com grandes tertúlias, vontade de mudar o mundo, chegar mais longe que os restantes, fazer empresas próprias, viajar, discutir, aprender, sonhar e sorrir.

Não havia tempo porque já éramos dominados pela tecnologia, que nos permitia ser designers gráficos, realizadores, músicos, cientistas, e tanta coisa.
Mas fomos felizes, não fomos?

Hoje seria de supor que a malta mais nova, que já nasceu com um telemóvel no berço e um laptop no colo, os usassem para chegar mais longe que nós, que facilitassem o seu dia a dia, que abusassem do conhecimento global à distância de um click, que não tivessem de perder tempo a tentar aprender a mexer com cada máquina nova que surgisse com o seu diferente modus operandi e linguagem operativa.

Mas não. Clicam fervorosamente e durante 20 horas/dia, mensagens mal escritas. Deixaram de ler, portanto não sabem escrever. Como teclam nas redes, não conversam. O discurso é inexistente e os erros evidentes. O desinteresse por tudo e todos é real, enquanto o próprio umbigo se tornou no centro das atenções.

Claro que há excepções, claro que há malta extraordinária.
Mas são muito poucos e, decididamente, aqueles que ouviram os mais velhos.

Nós?
Nós estamos cansados.
Ainda continuamos na labuta do conhecimento, ainda temos amigos...
Mas sabemos bem que o que mais gostaríamos era que o tempo voltasse para trás.

Nem que fosse por pouco tempo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O lugarzinho a que chamamos casa



Começo por afirmar que estou farto de dizer mal do meu país, de opinar com criticas sociais, económico-políticas, contra as manias das gentes e dos costumes, passando pela falta de educação cívica e demais. Chega!
Hoje vou dizer bem deste meu lugar, tão favoravelmente bafejado pela latitude e longitude e que contém todo o mundo dentro de um tão pequeno rectângulo.

Este meu país apresenta um esplendor natural que não tem paralelo, desde o Minho ao Algarve, passando por paraísos como o Gerês, a Estrela, o Alentejo, sem retratar as maravilhosas ilhas.
Num mesmo dia podemos esquiar abaixo de zero como tomar banho de mar acima de 20 graus. Podemos saborear um queijo da serra como um peixe acabado de pescar. Por muito que a CEE nos tire o sal do pão, não conseguem tirar o sabor do alentejano ou do de Mafra. Por muito que a Asae feche estabelecimentos, continuamos a cozinhar com utensílios de madeira.  

Temos mais formas de saborear bacalhau que dias num ano. Gostamos de boa mesa e boa pinga. E porque não? Temos a melhor das mesas e pinga da boa.
Num mesmo restaurante, podemos escolher de entre uma vintena de opções, todas excelentes, que depois serão terminadas com um doce conventual, arte só nossa e sem adversário celestial.

Vivemos num pais católico mas que abre a porta a todos os que o não são. Gostamos de brindar com estrangeiros, mostrar do que somos feitos, oferecer até o que não temos.
Gostamos de afirmar a nossa História, feitos e aventuras. Somos poetas, vaidosos e teimosos. Cantamos a saudade e tentamos explicá-la com guitarras e xailes negros. Até damos nomes de ícones a lontras, de cientistas a ruas, de santos a freguesias.

Somos antigos e modernos. Temos casas de xisto e start-ups mundialmente reconhecidas. Somos inventores e desenrascados. Somos chico-espertos, mas ajudamos quem nos está próximo. Gostamos do mundo inteiro e levamos sempre uma bandeira e um hino. Há sempre um português lá fora, mas que conta os dias para regressar a casa.

Somos criativos, engenhocas, gestores e poliglotas. Somos inteligentes, eficazes, obstinados. Se em tempos idos conquistámos por mar, nos tempos vindouros conquistaremos por fibra óptica, turbinas eólicas, eficácia nas grandes obras de engenharia, na aposta de materiais únicos e só nossos, na descoberta da cura para o cancro, na sustentabilidade, transformação e inovação.

Não conhecemos limites porque não levamos a sério os físicos. Nem temos medo do Adamastor. Apostamos e perdemos, reerguemo-nos e conquistamos. Fazemos muito com pouco e inventamos o que precisamos. Gostamos de estrelas, tanto do mar como cadentes. Gostamos de festas populares, de sardinha no pão, de tremoços e mines, de futebol e carros de corrida.

Por muito que nos queixemos, não choramos, nem gritamos e não brincamos às guerras. Antes, sofremos em silêncio, esperando sempre por amanhã, porque vai ser um novo dia e uma nova esperança.

E quando nos fartamos disto tudo, escrevemos um poema, cantamos um fado ou colocamos uma flor num cano de uma espingarda.

Somos assim.
Não há nada a fazer.
E ainda bem.