Desde putos que os portugueses adoram tocar instrumentos. As familias mais à vontade pagam aulas de violino ou piano aos rebentos mas até esses se juntam aos demais para tocar o instrumento mais universal que há: a campainha de porta.
Antigamente era só vantagens. Barato, não pesava nem no bolso nem na mochila e não era preciso grande ginástica a não ser para correr umas dezenas de metros o que até obrigava os jovens a algum esforço físico salutar. Mas até as coisas mais simples da vida mudam. Se antigamente só tinhamos que aprender a técnica da fileira única (conjunto de campainhas reunido num lado da porta de entrada) ou a do Acordeon (campainhas divididas por dois paineis em ambos os lados da porta de entrada), hoje é preciso todo um curso bem superior do Técnico, Restart ou Etic para conseguir tornear a dimensão dos botões, sempre diferentes de prédio para prédio, a pressão do toque, ultrapassar por vezes a maior distância entre eles e esconder a cara com um collant, balão ou capuz para evitar ser apanhado pela câmara a preto e branco ou a cores.
Mas mesmo isso é tarefa fácil se comparado com a nova modalidade: a obrigação de ter que ler atentamente todo um manual de instruções com letras pequenitas e pouco iluminadas, para conseguir saber o código alfanumérico que tocará no andar pretendido após um Enter.
Isto sim, poderá ser o golpe final numa das maiores tradições com que os petizes se entretêm desde os tempos dos nossos avôs. Depois não se queixem da obesidade infantil.
6 comentários:
uiii o que eu adorava brincar ao "tocar e pirar"... belos tempos
Modernices!
;-))
Tem toda a razão, abaixo estas modernices que impedem uma boa corrida e risadas à solta...
@me@@, eu relembro o frenesim e a alegria imediata. Corriamos tanto que faltava o ar.
Quase nos 50, nem mais.
Maria Teresa, concordo 100% e obrigado pela visita. Acho que foi a primeira vez, se não estou em erro.
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