sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

cento e vinte

Será que se pode considerar toda esta hipocrisia em relação ao casamento gay a nova luta entre os sexos? E a questão da adopção? E o repetitivo histerismo do clero e do seu rebanho? Porque é que as pessoas que não concordam falam e gritam "contra" como se, de facto, estivessem contra? O que é que elas sabem sobre união, amor, paixão, entrega e cumplicidade?

Tenho uma forma de estar na vida muito simples: a minha liberdade termina onde começa a de outrém. Bolas, não é assim tão difícil apreender este principio. Portanto, sou uma pessoa básica e evito entrar em discussões sobre a coisa jurídica que afecta os homosexuais e, pasme-se, os heterosexuais. Mas existe uma questão fracturante em tudo isto. Se formos a ver bem, os não gays e não casados são também olhados de lado. Na verdade, as uniões de facto são um... facto cada vez mais comum na moderna sociedade e não é por isso que têm os mesmos direitos de um casamento civil ou católico. Não o têm e muito menos aos olhos de alguns truques das entidades fiscalizadoras e fiscais.

Então porque não fazer vigílias, manifestações de não-casados-power ou orgulho-unidos-factualmente?
Iamos para a rua, despidos de preconceitos, alugávamos um daqueles camiões que trazem aparelhagem e fazíamos um escarcel medonho na Av. da Liberdade. Paravamos para uma bucha naquele tasco das bifanas defronte à estação de comboios e com o papo cheio entraríamos de rompante na Loja do Cidadão exigindo igualdade de cidadania em relação aos oficialmente casados.

Será que a Igreja exigiria um referendo? Que algumas pessoas tementes a um deus que não é de todos andassem pela rua a pedir assinaturas contra esta terrivel doença? Que a sociedade lusitana se dividisse em duas? Que os GOI surgissem com balas de borracha e canhões de água?

Ora se nós, que escolhemos viver em harmonia com alguém evitando o embuste da assinatura do papelinho, não andamos a fazer figuras a exigir isto e aquilo, porque é que muitos gays o fazem? E reparem, muitos... não todos. Porque é que eles também estão divididos em relação a esta noção?
Porque é que há alguns que levam isto a peito mesmo com o brinde envenenado da adopção e outros há que continuam a sua vidinha, tratando das coisas (heranças, negócios, partilhas) por meio de advogados, e vivem felizes e contentes?

Mas, afinal, qual é a importância de um casamento? A meu ver é apenas meio caminho para o divórcio.
Mas isso sou eu... e a minha opinião vale o que vale.

4 comentários:

maria teresa disse...

Eu sou da sua opinião e posso falar com algum à-vontade, embora não tenha na família nenhum homossexual, pelo menos assumido. Casei pela igreja, na altura em que não era possível o divórcio nesta situação, estve casada 40 anos e não mais porque fiquei viúva, o meu filho viveu 23 anos com a que veio a ser, oficialmente minha nora, há 4 anos e neste momento estão a divorciar-se (fizeram mal em casar-se, o divórcio está a dar um trabalhão), tenho uma filha que já está legalmente casada há 12 e terá futuro?
O que quero dizer é que o importante é que TODOS sejam FELIZES! E se sintam TODOS realizados como pessoas que são...
Abracinho

Gastão de Brito e Silva disse...

O casamento é a forma que um casal arranja para resolver os problemas que nunca teria se não tivesse casado...é tão bom ser pecador...

volteface.book disse...

MT, isto das convenções mudou muito mas ainda terá que mudar mais.

volteface.book disse...

DomGastom... pecadores? nós?