sexta-feira, 12 de março de 2010

Cento e trinta

Se houve alturas em que pensei que a minha já não tão jovem idade me atiraria à pobreza e solidão quando as minhas profissões fossem tomadas pelas castas mais jovens, hoje percebo que não é nem vai ser assim.
Tenho tido a sorte de acompanhar a vida de malta nova numa base quase diária, malta ainda no liceu e que vai ser o futuro deste nosso país e mundo. O que tenho visto e ouvido dá-me a noção que o país ainda vai precisar, e muito, das gentes da minha geração.
É extraordinário revisitar as palavras do meu pai e mãe quando eu estudava e tinha dúvidas numa qualquer matéria. A resposta era automática: "Filho, eu aprendi isso tudo e mais alguma coisa na 4ª classe, mas que raio de escola é a actual?" Ficava a olhar para eles sem perceber a necessidade de saber de cor todas as estações e apeadeiros dos Caminhos de Ferro, assim como todos os rios e afluentes lusitanos. Mas lá ia aprendendo alguma coisa, nem que fosse por obrigação, como saber na ponta da lingua os tipos de nuvens, a tabela periódica, os reis e seus feitos, os poetas e ficcionistas, e tantos etc.
Hoje olho para esta nova geração e não evito exclamar "Mas eu aprendi isso tudo e mais alguma coisa na 4ª classe, mas que raio de escola é a actual?"
Só que neste momento, a malta jovem nem ouve o que digo, pois está de phones na cabeça e a teclar sms. 

2 comentários:

Gi disse...

Ainda vais dar razão ao Sócrates por ir protelando a idade da nossa reforma. ;)

redonda disse...

Bem, eu fiquei impressionada com o meu afilhado de oito anos a descrever o funcionamento do aparelho digestivo...
Fê-lo muito bem!
E com os desenhos da irmã dele de nove anos...
Por isso acho que podemos ter esperança nas novas gerações.