quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O regresso do desejado será plural



Até que ponto somos garbosos e valentes?
Qual é o limite da nossa coragem?

Vemos, por todo o lado, exemplos extraordinários de bravura aquando uma desgraça, em que alguns colocam o valor da vida de outrem à frente do seu próprio temor e, por vezes, bom senso.
Aplaudimos com vigor essa intrepidez e seguimos em frente.

Sabemos que o ser humano é capaz de superar barreiras, tanto físicas como psicológicas, e olhar para um horizonte de esperança e melhor condição.
Mas ultimamente tem sido mais difícil. Mesmo muito mais difícil.

Há quem lhe chame crise, ou crime, desnorteio, falcatrua, imbecilidade ou mediocridade. Na verdade, estamos pobres, com uma mão à frente e outra atrás. A nossa dívida externa deverá fazer parte, daqui a 50 anos, de um pacote de perdões, porque nunca a iremos pagar. Tal como perdoámos os milhões emprestados a África. Até lá, os actuais mandantes deverão morrer de cirroses provocadas pelos melhores whiskies ou com diabetes alimentados por iguarias diárias.
Mas nunca morrerão de vergonha. Nem de arrependimento. E nem estão para isso, porque, aos poucos, conseguiram uma proeza digna de nota: o tornar cobarde o outrora vigoroso português.

A nossa valentia está doente, a nossa independência idem. Estamos cansados, tristes, indefinidos. Estamos fartos mas sem forças para lutar contra esta sina.
Vamos sobrevivendo, cada dia com menos no bolso, cada hora com mais ataques de pânico e stress acumulado. Olhamos à volta e não vislumbramos a luz ao fundo do túnel, só mais problemas acumulados.

O truque é muito simples: desespera-se o pensante e valoroso, minando-lhe os passos e as vontades. Destrói-se a sua independência, provocando-lhe necessidades a que nunca esteve habituado. E, depois, oferece-se um tachinho ou uma posição em qualquer entidade fabricada para alojar esta gente.
Sem esperança e com dívidas, poucos são os que não aceitam esta esmola.
Os que anuem, sabem que é sol de pouca dura, até outros boys tomarem o lugar destes já mais crescidos. Mas a questão é aguentar o dia a dia e, de certa forma, recuperar alguns vícios sociais. E isso tem muita importância para o português.

Outros há que se mantêm fiéis à sua demanda, recusando o sistema, quer por vergonha própria, quer por educação (também própria) ou mesmo por teimosia (ainda mais própria).
A estes temos de dar os parabéns, mesmo sabendo que não paga contas nem enche o frigorífico. E é com pena que os vemos, aos 30 e 40 anos, a embarcarem num navio com asas e a pirarem-se deste seu cantinho e terra, em busca de qualquer solução séria e honrada.

Diariamente, Portugal vê desaparecer a sua boa casta, um dna que custou a fabricar e que deveria acarinhar e fortalecer. Mas a cada um que se vai, mais poder é garantido aos medíocres que nos enterraram.
É sempre mais fácil mandar em quem tem medo de perder o pouco que ainda tem...

O problema destes tipos mandantes é que se esqueceram, porque são ignorantes e carreiristas, que o português consegue milagres quando apoiado. É sempre dos melhores quando reconhecido. É um exemplo quando o deixam em paz a trabalhar e construir.

Estes que se estão a ir embora, sabem que vão regressar, um dia, à sua terra. Mas sem problemas, com a carteira cheia e uma vontade e dinamismo extraordinários para recomeçar uma guerra.
Pode demorar uma década, ou até mais, mas quando se reunirem na Portela, trocarão abraços guerrilheiros, olhares cúmplices e iniciarão uma revolução necessária e imperativa.

Há os que defendem que será imposta uma ditadura intelectual. Outros industrial. Seja ela qual for, que se apressem.

Até já.

1 comentário:

Gastão de Brito e Silva disse...

Pois é... mas já Luís de Campos no seu livro "Viver sem trabalhar num País à beira mar", explica ou alvitra muito bem sobre o destino desta nação...

O portugueses são uma grande força de trabalho e inspiração por este mundo fora, mas quando se juntam todos no mesmo País... é uma desgraça...

Bem hajas, meu bom amigo, e quando voltares será bastante mais rico em todos os sentidos...

Com LUZ

G;-)~