quarta-feira, 30 de março de 2011

Quando um é sempre seguido por dois... ou vice versa



Confessemos, andamos transtornados com a nossa situação.

Ele é a catástrofe politica, judicial, social e democrática.

Ele é a depressão psíquica geral, a falta de apoio do médico de família, o fecho de inúmeros estabelecimentos de saúde e a reforma antecipada dos senhores doutores.

Ele é a falta de politica de educação, o abandono total do conhecimento, o facilitismo nas notas, nas faltas, nas matérias.

Ele foi a aniquilação das pescas e da agricultura em solo/território português, o abandono da coisa urbana e os homens da luta.

Ele são manifestações de gente rasca que se diz à rasca, acompanhados por quem nunca foi rasca e agora está mesmo enrascado ao ver a vida a andar ainda mais para trás.

Ele são políticos, de todos os quadrantes, que deveriam estar presos mas andam a gastar os restos do erário público.

Ele são as agências de ratice que nos consideram lixo e a chegada (ou já presença silenciosa) do FMI.

Bom.

Não é uma boa situação, mas o fim do mundo ainda não chegou, pois não?

Mas...

Ele é a anunciada tragédia nuclear nipónica e o consequente envenenamento das águas e terras. Adeus maravilhoso sushi...

Ele é uma guerra já quase global, que se iniciou com os interesses “humanitários” no Iraque e Afeganistão que agora eclodem por todo o norte de África, onde os mesmos “salvadores” já iniciaram a sua batalha a favor do povo desprotegido. Há que manter o óleo bem quentinho...

Ele é Lisboa com mais de 40 graus célsius de Junho a Agosto.

Se o fim do mundo ainda não chegou, estamos lá perto...

Se a isto juntarmos as previsões maias em que o estoiro tem data marcada para 21 de Dezembro de 2012 * [sabe-se actualmente que nesta data durante o solestício a Terra estará alinhada com o Sol e com o centro da nossa galáxia, Via Láctea. Sabe-se que no centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo], às previsões do i-Ching *[um livro Chinês sobre concepções do mundo e filosofias de vida, que contém algumas previsões se utilizarmos a teoria “Time Wave Zero”. Usando esta técnica vê-se que o livro Chinês prevê que o mundo irá acabar a 21 de Dezembro de 2012], e ainda às profecias do mago Merlin, Einstein, Sibyl e Delphi, tudo aponta num só sentido e uma data precisa.

... bom... dá para assustar um bocadinho.

O que fazer?

O que vocês vão fazer, não sei. Eu já decidi: vou tentar viver a vida o melhor possível, rodeado por amor e carinho, relativizando os grandes dramas e, acima de tudo, pirando-me daqui e encontrar um buraquinho porreiro e com uma boa vista.
Estou na dúvida em relação ao sushi, isso estou. Vou morrer de saudades. Daqui até Dezembro de 2012 ainda é muito tempo sem ter acesso à iguaria que mais aprecio.

* dados retirados do site “ciência hoje”

sexta-feira, 18 de março de 2011

Há que ter calma ao dar o corpo e a alma



Numa altura em que se fala muito de Skin Parties, nas quais e ao que parece, a malta mais nova não se coíbe de fazer figuras que roçam a pornografia, os tempos são realmente de mudança drástica que rasgam transversalmente o anonimato.

Não o anonimato total e enclausurado, mas o normal, aquele que se fecha dentro da nossa casa, conversas, sonhos, palavras, enfim, da tal vida íntima.
Muitos de nós, quase todos, gostamos dos nossos segredos, mesmo tendo uma conta no facebook onde publicamos algumas fotografias e desabafos. Mas daí a mostrar TUDO, há uma grande diferença. E, pelo que parece, a fronteira já não existe para a geração que ainda nem atingiu a maioridade.

Longe de mim vir para aqui criticar miúdos que deviam estar a dormir em casa em vez de mostrar e roçar o corpo até às seis da manhã. Longe de mim sequer tentar conversar com eles e explicar-lhes a noção de urgência, tempo e paciência.

Ainda bem que nasci quando nasci e que tenho a idade presente. Sim, muitas vezes olho para trás e para a frente e sei, de antemão, que já devo ter vivido mais do que irei sobreviver e, mais importante, com muito mais saúde. Mas tive a sorte de ultrapassar a adolescência com tempo, esse mesmo tempo que hoje é consumido com uma tal fúria que, tenho a certeza, vai-lhes fazer muita falta quando, ao chegarem à idade que tenho hoje, olharem para trás e perceberem que fizeram merda.

O facebook e os telemóveis, entre outros, são armas poderosas que se podem voltar contra quem os utiliza. A fotografia ou o vídeo que se colocam online garantem a vergonha social e global de quem foi “apanhado”. A questão da cultura do corpo é tão demente que quase todos os telemóveis dos adolescentes contêm imagens que poderiam ser aceites nas revistas softcore... ou mesmo hardcore. O problema é que estes apetrechos são alvo de cobiça, roubo físico ou digital. E o anonimato, que garante a nossa privacidade, tão importante na nossa existência, está ameaçado de total aniquilação.

Escrevi tudo isto porque me lembro bem das máquinas fotográficas com rolos de 35mm e da angústia que sofríamos até ter nas mãos o filme revelado. Ninguém sabia, nem mesmo quem tirava o boneco, qual seria o resultado e isso era... bom.
Hoje olha-se logo o ecrã, apaga-se ou tira-se outra e ainda se edita dentro ou fora da maquineta. O que ganhámos não compensa o que perdemos.

O mesmo com o telefone. Hoje recusamos ou fingimos não estar disponíveis quando olhamos o número que nos contacta, alguns já com fotografia e tudo. Antigamente tínhamos um telefone preto, sem memória, sem atendedor, sem nada de nada, a não ser a certeza que alguém que conhecia o nosso número nos queria falar. E atendíamos, pois era de bom tom fazê-lo.

Não me venham dizer que sou antiquado, mais a mais porque utilizo o último grito tecnológico em quase tudo.
Só que gosto de manter privado o que só a mim diz respeito.
E acho que o preço a pagar vai ser demasiado elevado.