domingo, 23 de agosto de 2009

oitenta e um

Não sou vingativo. Minto. Penso nas vinganças ao menor detalhe e sigo a máxima de que se servem quando estiver mais frio. Não me dou bem é com injustiças e derrotas que promovem esse nosso feio comportamento, muito menos quando me têm como perdedor. Nessas alturas sou vingativo e como já referi, penso na resposta com calma, perfeccionismo e tenacidade. Mas o tempo passa e acabo sempre por ficar apenas com um amargo de boca já sem força ou vontade para dispender mais energia e apontando o dedo acusatório apenas contra essa minha sofreguidão. Deixo, portanto, que o tempo - esse grande conselheiro - coloque os pontos nos is. Não é que fique satisfeito, mas pelo menos olho para cima e digo em surdina "fez-se justiça!".
Dias atrás aconteceu uma dessas situações em que, passada uma década, olho a derrota de alguém que me derrotou anteriormente. Foi uma conversa olhos nos olhos, digna, séria e emotiva. A outra parte sabe que a sua carreira obrigou ao cancelamento da minha pois só havia um lugar no poleiro. Nunca falámos sobre isso, nunca foi preciso. E nesta altura menos boa, foi comigo que gritou o mesmo que eu já tinha gritado, que amaldiçoou os maus ventos gerais, injuriou uns quantos deuses e suspirou umas cem vezes.
No fim não me senti satisfeito nem justiçado. Até sofri uma pequena ponta de tristeza que rapidamente tentei afastar. Não é bonito sofrer uma derrota. Mas também não é bonito assistir à derrota de outrém.

4 comentários:

Unknown disse...

Bem lá no fundo será que não sentiu uma certa "leveza" por se ter feito justiça?
É que a natureza humana é mesmo assim e ninguém gosta de perder nem de ficar em 2º lugar......
E apesar de não ser socialmente correcto, quem nunca sentiu uma certa satisfação pelos desaires daquela pessoa que se atravessou no nosso caminho que levante o braço....
Um abraço
;-)

maria teresa disse...

Tenho uma amiga que me costuma dizer que há "uma lei de retorno", sinto um "friozinho" quando ela diz isto, mas já constatei que existe mesmo.
Pessoalmente sigo um ditado que julgo ser de origem brasileira: "dou um boi para não entrar numa briga e uma manada para não sair dela".
Sou chatérrima numa situação destas.
E posso afirmar como também já li algures: tenho feito coisas de que não me orgulho mas não me arrependo delas.

Sim, sou novata no seu blogue.

volteface.book disse...

Quase nos 50, Quem me dera que tivesse sido mais cedo. :)

volteface.book disse...

Maria Teresa, a lei de retorno, se existisse, seria justa e não me parece que a justiça ande por aí a rodos no mundo em que vivemos. Infelizmente.