segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

cento e dezanove

Hoje esteve um dia glorioso numa Lisboa que cada vez sinto menos minha. Foi dia claro de céu azul e límpido, mas cujo frio obriga as pessoas a vestirem-se menos mal com sobretudos e cachecóis, luvas e chapéus. Gosto de sentir esta minha cidade, mesmo odiando o frenesim louco das compras natalícias que desesperam quem tenta circular de um lado para o outro.
Reparei que andam mais motociclos nas ruas, facto que se deve à nova lei das 125cc. É bom, finalmente, ver uma lei decente aprovada neste país, um dos últimos dois (com a Holanda) que teimava numa enorme parvoíce.
A poluição é menor, o estacionamento facilitado, poupa-se tempo e stress. Há é que ter mil e um cuidados pois sabemos bem como os automobilistas reagem quando estão parados numa fila. A vontade enorme de ver esse "sacana" que a ultrapassa estatelar-se no chão é coisa de bárbaro, gente manhosa e profundamente infeliz. Mas é isso que somos e não há como evitá-lo.
Mas o que mais me desorienta sobre as duas rodas são as constantes mini-reportagens tv sobre a capital (e resto do país) europeia que juntou os povos para discutir novas políticas para a saúde do planeta. Só se fala e mostram centenas de bicicletas e de ciclovias. Que maravilha... Que bom deve ser andar de bicicleta de um lado para o outro sabendo que se tem prioridade sobre os veículos motorizados. Que gente nobre essa, que se faz ao frio com um gorro e cachecol. Que felizes.
O Sócrates deve ter pensado que fazendo ciclovias em Lisboa iria oferecer esses sentimentos aos olissiponenses e conseguir, mais uma vez, mentir sobre a crise. Esqueceu-se foi de fazer estudos sobre as sete colinas, os buracos e demais problemas que impossibilitam total e drasticamente a utilização desses gentis veículos numa cidade inimiga dos mesmos. É que nem a pé se pode circular...
Mas pronto, lá vamos vendo as tais reportagens tv sobre essa gente maravilhosa e sorridente que pedala sem fim.

Só mais uma coisinha. A minha enteada mais velha está a passar um ano nesse grandioso país de gente de bem com a vida e com o mundo. Sabem o que lhe aconteceu no primeiro dia que lhe deram a bicla para andar de um lado para o outro?
Roubaram-na!

Deve ter sido um tuga. É que só pode. Os dinamarqueses não fazem coisas dessas. São perfeitos...

4 comentários:

maria teresa disse...

Pois é! Existem em todo o lado... e em todos os sectores da vida mas talvez em menor quantidade do que por cá.
Porque sente que Lisboa é cada vez menos sua? Posso saber?
Abracinho

redonda disse...

:)

volteface.book disse...

Maria, a cada dia me revejo menos nela e começo a fartar. Nada muda e os erros são uma constante.

volteface.book disse...

Redonda :)