quarta-feira, 8 de junho de 2011

Repto de Alarme aos Progenitores




Hoje acompanhei a minha senhora à escola de uma das pirralhas, a fim de discutir uma série de situações que nem o ME soube esclarecer previamente ao telefone.
A presença dos três directores máximos da escola, fez-nos logo perceber que a defesa dos seus interesses iria ser muito lógica e totalmente baseada em verdades que só eles conhecem.
Enfim, mais um esquema público-privado que vai enchendo, e bem, os bolsos de quem foi bem mais matreiro que eu e, logicamente, não tem qualquer dificuldade em assumir-se como mais um chico-esperto que minou, para sempre, este país.

À porta do estabelecimento, quedavam-se várias pitas em alegre cavaqueira, todas de cigarro na mão e nenhum livro, mochila ou material de estudo em seu redor.
Nos cafés defronte, a mesma situação, com a multiplicação de jovens “estudantes”. Curiosamente, no interior do estabelecimento onde decorriam as aulas, vislumbrei um punhado de alunos, mas nem todos na mesma sala. A minha companheira virou-se e mostrou o seu profundo desagrado com tudo, desde a politica educacional, à falta de integridade, honestidade, verdade, competência e honra.

Acalmei-a o mais que pude, expliquei-lhe que, pelo menos, as pirralhas ainda têm progenitores e novos companheiros dos progenitores que tiveram uma educação esmerada e uma escola bastante rigorosa. Isso deve valer para alguma coisa, pensei para os meus botões.
Ela mostrou um ligeiro sorriso de esperança e pediu para irmos para casa.

Chegados, percebemos de longe que o jovem do prédio do lado direito, estava em casa. Como? Muito simples: este puto deve ter uns 18 ou19 anos mas fala e comporta-se de uma forma que eu, e somente eu, penso revelador de um ligeiro atraso. O comportamento social, pois tem dois pais e dois irmãos mais novos, reforça esta minha conclusão, pois é impensável um puto fazer gato/sapato de quem está em casa e, pior para os vizinhos, colocar no máximo (que as rafeiras colunas de computador permitem) a sua música preferida que é, imagine-se, rap. RAP, por amor de deus... E não, ele é de tez muito clara.
O pior não é um puto ouvir aos berros esse sub-género mus... musi... music... enfim, essa construção de beat em loop com uns dizeres gritados em cima. É este puto ouvir a mesma música (em loop mas nunca chegando ao final, pois isso requer paciência e a noção de uma conclusão) até à exaustão. Dele, não será, mas é a de qualquer ser humano que ouve Música.

Pela gritaria que lhe oiço, é este puto que domina toda a família, e que ainda manda vir com os pais porque “tásver, tásver, isso de pintar carros não é pra mim” ou “tásver, tásver, o Benfica próanu ékié”.
Do bairro inteiro, sou o único que, já desesperado, vou à varanda e comporto-me como ele, debitando com a minha garganta e pulmões, algumas verdades que ele, decerto, não entende. Mas pelo menos, roda o botão do volume para a esquerda e de vez em quando, surge um dos progenitores logo atrás a sorrir uma ligeira desculpa. Eu não sorrio de volta, mas olho para a minha companheira e digo-lhe uma verdade, muito importante, que as pirralhas dela, mesmo com algumas parvoíces próprias da adolescência, não conseguem baixar a este nível social e que, graças a elas, o mundo pode ainda ter alguma safa.

Menos enervada, foi ver os emails e deparou-se com mais uma conta do estabelecimento comercial, ops, de ensino, que tínhamos acabado de visitar.
Aí não aguentei, agarrei nas chaves do carro e fiz-me à estrada!

Na minha tresloucada mente só uma questão: “quem é que dos mandantes desta porcaria tem a coragem de me dizer, na cara, que anos atrás gritou aos pais que não sabia pintar carros?”

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