Os meus amigos, na sua grande maioria, confiam-me segredos vários, desventuras, problemas, chatices. Sou, muitas vezes, um baú com cadeado a sete chaves, onde estão escondidos os desabafos, tristezas e alegrias de cada um.
É um caixote sem fundo, mas impenetrável, intocável. Algumas desventuras dariam para escrever verdadeiros thrillers ou filmes de terror. Outras entrariam na galeria das mais deliciosas comédias e existem várias que seriam personagens únicos em fantasias extremas. Mas não as utilizo, nem para divagações escondidas sob um qualquer alter-ego digital.
Também tenho os meus segredos e, para eles, todo um cofre-forte cuja password é indecifrável. Mas sou um sortudo e, quando é necessário um desabafo, alimentado etilicamente ou por qualquer outra razão maior, conheço vários ombros onde posso descansar.
Vem isto a propósito de quem não consegue guardar segredos. E, nos últimos tempos, esse “quem” tem nome: chamam-lhe wikileaks e, a um outro nível não menos global, “casa dos segredos”.
Sou da opinião que o site é um bocadito mais importante que a “casa dos segredos”, essa horrenda produção televisiva que me desnorteia a cada infeliz zapping.
Enquanto o primeiro está prestes a fazer derrocar o mundo tal o conhecemos, o segundo promete cometer uma proeza digna de registo: o recorde do mais baixo nível televisivo de que há memória.
No wikileaks, somos confrontados com o que, interiormente, já sabíamos: os governantes dos vários países não são pessoas em que se possa confiar e que o mundo, oriental e ocidental, está podre.
Na produção da, quase sempre ela, TVi, ficamos a saber que a malta bimba tem segredos bimbos, como prostituição, encontros com o além, casas de passe e ligações sexuais com o Pinto da Costa... sex sells.
Enquanto o mentor do site está acusado de ser um malandro no que toca à sua testosterona, os participantes lusos enrolam-se por debaixo de lençóis, na esperança de serem notados e falados cá fora... sex sells.
Como se vê, existem diferentes formas de tratar um segredo: guardá-lo, dá-lo ao mundo inteiro ou mostrá-lo a quem consegue ficar atónito quando faz um simples zapping.
A primeira, a qual prezo e defendo, faz parte da personalidade cuja educação teve a sorte de conhecer progenitores e educadores dignos e especiais.
A segunda é uma daquelas coisas que acontece e que alimenta os anais da História, quando lemos as razões que levaram à derrocada de grandes impérios e civilizações.
Já a terceira é questionável e, a meu ver, completamente desnecessária.
O meu desejo é que alguém passe ao wikileaks os podres da malta que pensa, produz e realiza esta desgraça televisiva.
O mundo poderá sobreviver aos governantes que conhece, mas ficaria muito melhor se esta gente desaparecesse, de vez, da caixinha que mudou o mundo.
Até eu deixaria escapar algumas coisas que sei... numa outra caixinha que veio alterar e alimentar o conhecimento global. E com ou sem nudez, porque o sex always sells.
Sem comentários:
Enviar um comentário