quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O lugarzinho a que chamamos casa



Começo por afirmar que estou farto de dizer mal do meu país, de opinar com criticas sociais, económico-políticas, contra as manias das gentes e dos costumes, passando pela falta de educação cívica e demais. Chega!
Hoje vou dizer bem deste meu lugar, tão favoravelmente bafejado pela latitude e longitude e que contém todo o mundo dentro de um tão pequeno rectângulo.

Este meu país apresenta um esplendor natural que não tem paralelo, desde o Minho ao Algarve, passando por paraísos como o Gerês, a Estrela, o Alentejo, sem retratar as maravilhosas ilhas.
Num mesmo dia podemos esquiar abaixo de zero como tomar banho de mar acima de 20 graus. Podemos saborear um queijo da serra como um peixe acabado de pescar. Por muito que a CEE nos tire o sal do pão, não conseguem tirar o sabor do alentejano ou do de Mafra. Por muito que a Asae feche estabelecimentos, continuamos a cozinhar com utensílios de madeira.  

Temos mais formas de saborear bacalhau que dias num ano. Gostamos de boa mesa e boa pinga. E porque não? Temos a melhor das mesas e pinga da boa.
Num mesmo restaurante, podemos escolher de entre uma vintena de opções, todas excelentes, que depois serão terminadas com um doce conventual, arte só nossa e sem adversário celestial.

Vivemos num pais católico mas que abre a porta a todos os que o não são. Gostamos de brindar com estrangeiros, mostrar do que somos feitos, oferecer até o que não temos.
Gostamos de afirmar a nossa História, feitos e aventuras. Somos poetas, vaidosos e teimosos. Cantamos a saudade e tentamos explicá-la com guitarras e xailes negros. Até damos nomes de ícones a lontras, de cientistas a ruas, de santos a freguesias.

Somos antigos e modernos. Temos casas de xisto e start-ups mundialmente reconhecidas. Somos inventores e desenrascados. Somos chico-espertos, mas ajudamos quem nos está próximo. Gostamos do mundo inteiro e levamos sempre uma bandeira e um hino. Há sempre um português lá fora, mas que conta os dias para regressar a casa.

Somos criativos, engenhocas, gestores e poliglotas. Somos inteligentes, eficazes, obstinados. Se em tempos idos conquistámos por mar, nos tempos vindouros conquistaremos por fibra óptica, turbinas eólicas, eficácia nas grandes obras de engenharia, na aposta de materiais únicos e só nossos, na descoberta da cura para o cancro, na sustentabilidade, transformação e inovação.

Não conhecemos limites porque não levamos a sério os físicos. Nem temos medo do Adamastor. Apostamos e perdemos, reerguemo-nos e conquistamos. Fazemos muito com pouco e inventamos o que precisamos. Gostamos de estrelas, tanto do mar como cadentes. Gostamos de festas populares, de sardinha no pão, de tremoços e mines, de futebol e carros de corrida.

Por muito que nos queixemos, não choramos, nem gritamos e não brincamos às guerras. Antes, sofremos em silêncio, esperando sempre por amanhã, porque vai ser um novo dia e uma nova esperança.

E quando nos fartamos disto tudo, escrevemos um poema, cantamos um fado ou colocamos uma flor num cano de uma espingarda.

Somos assim.
Não há nada a fazer.
E ainda bem.

4 comentários:

Unknown disse...

Ímpeto luso que cai tão bem...!
É preciso olhar a realidade por uma lente olho-de-peixe, por vezes, mas Portugal é tudo isso.
Somos, afinal, todos, tudo isso.

Alda Couto disse...

Olha, obrigada por me lembrares isto tudo :):) Obrigada, mesmo. estava a precisar. Porque é verdade. Somos mesmo :):)

Unknown disse...

Se fosse para botar abaixo, já tinha 1500 comentários :)
Enfim...

Obrigado às duas.

teresa disse...

Somos mesmo assim...e assim se fazem os sonhos !