quinta-feira, 30 de julho de 2009

sessenta e oito

Num país de grande nobreza e justiça, como o Portugal dos dias de hoje, é normal que me apeteça ser um autarca de uma cidade pequena ou vilória grande, como Felgueiras, Matosinhos, Maia, Leça, Figueira, Oeiras e tantas outras.
Como autarca poderia ajudar o clube da minha terra, oferecer electrodomésticos aos populares e até agraciar primos no estrangeiro com grandes somas de dinheiro.
Com outro dinheiro poderia dar novas rotundas, arranjos florais, um lar de terceira idade e embelezar umas quantas praças e avenidas para o povo revotar em mim.

É uma vida boa ser autarca neste país.
Melhor só mesmo ser dirigente futebolístico e autarca... paralelamente.

terça-feira, 28 de julho de 2009

sessenta e sete

Reparei que ofereci com o meu suor 1.000.000 de magalhães.
Estou com urticária e falta de ar.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

sessenta e seis

Sou padrinho de três jovens pessoas mas dou-me somente com duas, pois perdi o rasto à terceira e aos seus pais que rumaram para muito longe para se abrigarem da fúria a que se chama crise.
Senti-me bem quando fui convidado para apadrinhar estas três almas e prometi solenemente que, na falta dos pais, seria eu a indicar-lhes o caminho em frente.
Sinto-me bem neste papel e até orgulhoso. Não pelo convite, pois já demonstra a confiança que depositam em mim, mas pela atitude dos júniores que abrem um grande sorriso quando me reencontram sem olhar para as mãos em busca do presente mais especial.

É bom, sim senhor, e recomendo.

sessenta e cinco

Sou urbano, cosmopolita, olissiponense e adoro. Como eu, muitos amigos e amigas dessa teia denominada Facebook gostamos de sentir o pulsar da cidade e ficamos perdidos no meio de um qualquer campo.
Portanto, é curioso que toda a gente queira ser agricultor como se pode ver pelo imenso e crescente número que têm farmvilles e farmtowns. Uns até atinam e alguns são uma perfeita desgraça.
Esta vida moderna em que nos enfiamos nos computadores para fazer tudo o que se fazia sem eles há 20 anos atrás começa a demonstrar a insanidade de um mundo.
Mas até eu tenho uma quinta com bichos, árvores e culturas...

sessenta e quatro

Há por aí um blog de uma tal Margarida que se afirma virgem e faz gala nisso/disso. Esta miuda tem sido convidada para inúmeros shows televisivos, peças jornalísticas e uma promoção invulgar por gente que, acho, deixou de ser virgem há algum tempo.
De início achei piada à moça que tem a liberdade de dizer e defender o que quer nem que seja uma virtude que o vai deixar de ser brevemente. É conhecida e reconhecida na rua, recebe muito correio de raparigas que se julgavam sózinhas e até refila contra o hatemail com que é brindada.
Mas, e há sempre um mas, tudo muda quando percebo que a Margarida está a escrever um livro e que há um clube de virgens em que o acesso é vedado a todos os que o não são.
Algo está mal e vamos por partes.
O livro.
A moça escreve mal que se farta e os erros são uma constante na sua sebenta digital; contudo alguma editora apostou na sua verdade e dará ao mundo mais uma nobre escritora que vai fazer-nos reflectir sobre a justeza de ser editada ao invés do hímen que é retratado.
O clube a que chama Forum Privado.
Eu sempre lutei para ser indiferente à diferença mas esta moça alimenta-a de forma gratuita como se fosse uma qualquer brincadeira de mau gosto. Mas o que é mesmo muito mau (e o que me fez escrever este post) é saudar quem visita o blog com um espantoso e pouco comum "Olá pessoal do bem ;)" e isto sim é demoníaco.
Vou escusar-me a tecer comentários sobre a virgindade. Cada qual é livre de viver a sua intimidade da forma que deseja. Mas a minha liberdade acaba onde começa a dos outros (sim, o Direito e a sua esfera jurídica) e encontrei nesta existência Margaridesca um desconforto que não deveria sentir.

E sinto-me, vá lá, desflorado.


blog virgem

sexta-feira, 24 de julho de 2009

sessenta e três

Há homens que precisam mesmo de uma grande mulher a seu lado. Confesso ser um e não é difícil entender as razões e os porquês. Muito resumidamente, sou daqueles fulanos que não aprende com os erros. Assusto-me, mudo um hábito ou mania, mas não aprendo a lição continuando a ser tão fiel a mim e às minhas manias que até enjoa.
Já tive algumas vezes a oportunidade de resolver situações que depois continuam a ser problemas. Se bem que não tenho a solução, tenho a enxada o que já não é nada mau. Mas lá continuo no meu torpor à espera de melhores dias, queixando-me ao sol e à lua e tentando explicar-me que, afinal, não serei feito do mesmo calibre de alguns homens que fazem acontecer o impossível.
Também tive mulheres que eram grandes à sua maneira, mas perseguiam tanto os seus fantasmas que não tinham tempo - nem paciência - para serem a grande mulher por trás de um homem como eu. Se calhar nunca lhes pedi mas, lá está, também acho que é uma coisa que não se pede. Adivinha-se.

Recentemente tive a fortuna de ser escolhido por uma nova mulher, numa altura que pensava que tal já não fosse possível, o que acontece sempre quando se está de ressaca de uma longa relação.
Esta mulher não sabe que eu tenho este blog. Mesmo se soubesse creio que nunca o visitaria, pois é daquelas pessoas que respeita o mundo de outrém e que esse, por vezes, é privado.
Esta belíssima mulher já demonstrou que é a tal Mulher que um homem como eu precisa durante a sua vida.

Sou um sortudo, eu sei.

É-me difícil não pensar nela a cada minuto, de querer estar com ela, de poder mimá-la até conseguir combater as dúvidas que ainda tem em relação à minha permanência na sua vida.

Nunca fui muito bom a declarar o amor, apenas satisfação e bem estar.
Mas já lhe disse que ela deveria ter entrado na minha vida há 25 anos atrás, quando tudo era possível inclusivé mudar o mundo.
Agora o meu vai mudar por ela. E com ela.

E não sei o que mais acrescentar.

sessenta e dois

Ontem acordei a pensar que era sexta feira e não fiquei muito satisfeito por ganhar mais um dia na vida. Não fiquei porque não percebo muito bem como é que saltei um dia, pois não bebi, não fiz directa... apenas fiz o que um homem faz com bastante gana e vontade, felizmente recíproca.
Hoje acordei e quase que me ia acontecendo a mesma coisa, será sexta ou sábado?
Mas o que raio é que se está a passar?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

sessenta e um

Não costumo escrever sobre gadgets e novidades tecnológicas pois há outros e muito bons locais para se saberem as últimas propostas. Contudo, este Natal vai trazer alguma nostalgia/alegria para tipos como eu - e para a maior parte dos homens nascidos antes dos telemóveis - no regresso do temível e fascinante cubo de Rubik.
Confesso que tive um e sim, acabei-o. Depois guardei-o em cima de uma prateleira para todas as visitas admirarem o quanto eu era inteligente e perspicaz e deu-me um colapso quando o descobri todo remexido e ainda hoje estou a tentar saber quem foi para lhe aplicar castigo condigno.

Tudo isto para dizer que está quase a chegar o novo cubo de Rubik redenominado Rubik's TouchCube. Claro que hoje em dia é tudo touch para aqui touch para acoli, mas este vai ser um novo vício para muito boa gente. Ora espreitem o videotubo.

Rubik'sTouchCube

sessenta

Acabei de visitar uns 10 blogs só para me alhear da limpeza de Verão que tenho que fazer.
Não resultou.

cinquenta e nove

As conversas são como as cerejas e há aquelas que convém anotar no moleskine ou qualquer outra sebenta para mais tarde recordar. Esta passou-se há pouco tempo com três convivas a saborearem um bacalhau perfeito ali para os lados de Xabregas. Falava-se de escritores e escritos, poetas e inventores, poemas e invenções e depois passou-se para a muito natural parvoíce.
O tema foi a cegueira parcial do nosso muy nobre Luiz Vaz De. É que ao fim e ao cabo ninguém sabe mesmo como ele vazou o olho. Após mais um digestivo, chegámos a estas cinco hipóteses:

uma - Ah, foi numa batalha e tal.
duas - Enquanto agarrava os escritos com uma mão e nadava com o outro braço, veio uma gaivota e comeu-lhe o olho.
três - Desmaiou no alto mar, veio um peixe e fez o que alguns humanos fazem a eles: chupou-lhe o olho.
quatro - foi uma prostituta genovesa com um stiletto. A coisa correu mal.
quinta - o diabo esfregou-lhe o olho.

Fui o autor da quarta e mantenho a minha noção.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

cinquenta e oito

Nós, homens, seremos sempre putos por vezes estúpidos, outras parvos e muitas idiotas chapados. Somos assim, não há mesmo nada a fazer. Mas o que nos dana é esse feminíssimo olhar embevecido com aquele sorriso magnético, olhar compenetrado, lábios húmidos, uma atenção graciosa e um risinho charmoso após cada piada dita, por vezes, sem graçola nenhuma.
Vocês alimentam essa nossa meninice, esse lado pouco ajuízado, essa forma de viver a vida ainda e sempre a pensar em tropelias, batatada, bicicletas e aventuras várias.
Depois de nos fazerem crer que até gostam de nós porque somos assim, são as primeiras a atirar a pedra quando já nos têm para todo, presumivelmente, o sempre.

É que não se compreende.

cinquenta e sete

Dias atrás uma jovem senhorita jurava a pés juntos que um homem vestido com um sobretudo em pleno Verão se tinha desnudado à sua frente mostrando-lhe as partes. A jovem estava ainda chocadíssima, mais a mais porque ainda tem uma relação mal resolvida com um apêndice que lhe vai mudar parte da vida. Veio inquirir-me sobre esta pouca vergonha a que, muito sinceramente, não consegui responder. Quando tentei falar do sexo masculino ficou ainda mais perturbada exclamando vários "que nojo! que nojo!" e depois fiquei eu com má fama.

Mulheres... mesmo jovens já nos dão volta à cabeça.

cinquenta e seis

No outro dia fui acusado de ser um bocado chato quando falo das coisas preferidas nesta e desta vida. Fiquei atordoado pois até pensava que as pessoas gostavam de ouvir as minhas opiniões e, quiçá, aprender alguma coisa com elas assim como eu gosto de ouvir e aprender com os outros.
Mas não, mas não.
E a maior chatice é mesmo estar a pensar nisso. É que doeu um bocadinho.

cinquenta e cinco

Tenho um conflito com as capicuas. Se por um lado as acho agradáveis, redondas e perfeitas, por outro provocam-me alguma angústia e até medo. Não sei porquê nem consigo encontrar razões para essa fobia, mas que tenho aquela comichão na barriga quando penso nisso ou dou por uma...

Bom, podia dar-me para pior.

terça-feira, 21 de julho de 2009

cinquenta e quatro

Penso chegar aos 54 anos. Penso e quero. Aliás, ai de quem se meta à minha frente com uma pistola, um capuz, um boletim de voto sem alternativa democrática, um automóvel desgovernado, uma doença xpto, uma naifa, uma conta por pagar, um ciume, uma macumba, uma gripe qualquer meio marada, mais uma capa com a ana malhoa desnudada, um ovo podre ou uma ostra passada.

Penso e quero. Mas não mando.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

cinquenta e três

Danou-me ver dias atrás a imagem de um enorme armazém cheio de automóveis que o fisco retirou aos endividados. Se por um lado senti até uma certa ponta de justiça ao reparar em inúmeros topos de gama, por outro fiquei raivoso quando vislumbrei carros de quem mesmo precisa deles para trabalhar, como Ibizas, 205, Corsas e etc.
Sabemos que o fisco não tem tento nem é justo e que promove a perseguição a quem faz tudo para sobreviver, mas as represálias sobre os contribuintes alimentam uma cada vez maior crise social e uma vergonha humana tão típica das nossas gentes.
Este governo que alimenta noticiários com números enganadores sobre o desemprego, não faz as contas aos milhares de empresários falidos que não têm direito à segurança social e subsídios que pagam há muitos anos. Em vez de 10 seriam uns escandalosos 30%, pois sabemos bem como é feito o tecido empresarial português.
Há um paralelismo que são as vítimas mortais dos acidentes automóvel. Só se conta as que perecem no local e não as que vêm a falecer após internamento no hospital. Mais um escândalo a que a Comissão Europeia faz vista grossa.
Estamos rodeados de mentiras e mentirosos.

cinquenta e dois

Marte fica um bocadito fora de mão para a tecnologia de hoje. Mais vale ir novamente à Lua e construír a base lunar Alfa. Pelo menos, mesmo com uma década de atraso, seria engraçado sabermos que andavam por lá uns quantos tipos a fazerem experiências com plantas e drogas que levariam à extinção de algumas doenças que ainda nos atacam e matam em pleno séc XXI.
Mas não, mas não, queremos é ir a Marte.

cinquenta e um

Crise, crise, festivais de música à parte.
Pelo menos não todos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

cinquenta

Os argentinos descobriram que o governo lhes mentiu em relação à gripe, os ingleses andam a fazer festas para apanhá-la antes do inverno e a ministra portuguesa é das únicas que ainda não percebeu a gravidade e só fez uma pré-encomenda da vacina.
A H1N1 vai ser terrífica e por cá ainda ninguém percebeu. Há médicos que querem proibir desde já as entradas e saídas do país enquanto o governo lança uns pequenos avisos para lavarmos as mãos. As empresas estão em pânico pois ficar sem trabalhadores em momentos de crise é catastrófico... ou talvez não e é uma bela desculpa para o layoff. Tenho amigas que já lutam contra a falta de clientela em pequenos espaços comerciais, como restaurantes ou cafés, e sabem que não vão conseguir aguentar a renda e demais despesas se perderem mais clientes. Outras não sabem se deixarão os filhos ir à escola já em Setembro, quando há quem defenda um adiamento do início do ano lectivo para Outubro ou mesmo Novembro.
Andamos a brincar com mais um virus lançado para fazer a fortuna de alguns. E não, não é uma teoria da conspiração (nem da constipação), pois basta ver quem é o dono da farmacêutica que detem o único medicamento contra o bicho e que controla 80% das plantações dessa planta milagrosa e etecétera e tal e coiso.
Andamos adormecidos ou este será mais um virus que ajudará os "controladores" no seu genocídio programado e anunciado? 2012, não é?
E para saberem quem são estes senhores, vejam uma série tv com 10 anitos intitulada "Millenium". É engraçado ver as coincidências... tal como foi engraçado ver todas as outras (desde o 24 aos filmes) que tinham como presidente norte-americano um negro.

Confesso que estou bastante preocupado pois não gosto de hospitais.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

quarenta e nove

Abomino ter que esperar por um contacto previamente combinado e ter que ser eu a fazê-lo. E depois quando não atendem sinto o sangue a latejar nos olhos, o coração a mostrar que existe e um enorme nó na garganta que por vezes passa para o estômago.
É sexta, quase final da tarde útil e tenho que calcorrear meia cidade e apanhar filas atrás de filas para chegar ao destino depois de confirmar se sim ou não.
Detesto, detesto, detesto!

quarenta e oito

Quando comecei este não sabia muito bem para que serve um blog. Entusiasmei-me de início e escrevi coisas que saíam facilmente como se o pequeno rectângulo branco me ordenasse uma qualquer suposição, suspiro ou lamento. Dei por mim a tratar coisas que julgava esquecidas e outras que pensei terem-me esquecido.
É engraçado isto da memória.
Mas continuo sem saber para que serve este blog e muito menos quanto mais tempo o escreverei.
Prometo apenas que continuarei até ao dia que não.
É uma promessa fácil de se cumprir.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

quarenta e sete

Descobri hoje um blog de uma jovem que já morreu. Deixou um último post de despedida a quem a amou e uma ode à vida. Coisas simples como comer caracóis, um bigmac, ir à piscina ou à praia molhar os pés foram para ela verdadeiros momentos de celebração de e da vida.
E nós andamos cegos.

terça-feira, 7 de julho de 2009

quarenta e seis

Se há coisa que me fascina é esta constante falta de memória lusitana reforçada com ataques diários a todos os restantes devido à inveja e à preguiça. Mas que raio de natureza a nossa pá!

quarenta e cinco

Um sorriso franco é algo que encanta. Pode ser traquinas, sexual, amigo, contagiante. É sempre algo que se pega aos demais e recebe sempre outro de volta.
Que capacidade rara e humana esta. Que extraordinários músculos faciais o provocam. Que bonitas rugas de expressão criam na mais bela prancha da vida: uma cara que viu e viveu momentos felizes.

Há outra coisa com quase todas estas capacidades: o bocejo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

quarenta e quatro

O que é o roubo? Roubar o coração de alguém é um acto nobre mas roubar o doce a uma criança é cruel. Roubar o estado e as finanças é de gajo com eles no sítio e roubar uma caixa multibanco é de gajo com passaporte estrangeiro. Roubar um fruto porque se tem fome é desculpável mas roubar o fruto de uma vida de trabalho não tem perdão.
Roubar é como um roll-bar (aqueles ferros que reforçam o interior de um automóvel de corridas para safar quem os guia): o ladrão só anda às cambalhotas se for apanhado. E depois há ladrões e ladrões.
Confesso que desde puto gostava de ser um, daqueles que roubam uma jóia ou um quadro de um cofre-forte impossível de penetrar, equipado com um belo fato preto e cheio de gadgets electrónicos. Ser ladrão, uma única vez na vida, podia dar um jeito do catano.
E, neste único caso, é romântico, elegante, profissional, perfeccionista, radical, corajoso e demais adjectivos. Pensando bem, não é isso que procuramos na vida?

Estou confuso.

domingo, 5 de julho de 2009

quarenta e três

Retrato-me como sortudo na vida romântica mas não muito forte nas artes do amor. Sempre tive uma tendência para seguir em frente sem olhar ao futuro e muitas vezes perdi tempo. Não acho que más vivências sirvam para nos dar mais conhecimento e experiência, muito pelo contrário. Corrompem o que há de bom em nós, tiram-nos os melhores anos e endurecem-nos dia a dia.
Conseguir nem que seja encontrar forças para lutar por um novo alguém é obviamente algo tão especial e raro que tem duas opções. Ou pensamos que não vale a pena ou arriscamos tudo mais uma vez. Afinal, isto até é simples, não é?

sábado, 4 de julho de 2009

quarenta e dois

Recebi a notícia que mais um amigo se vai da sua terra natal e cidade fetiche da luz e sete colinas. Vai sem emprego certo e sem poiso combinado. Tem 4o anos e simplesmente vai. Está calmo, aliás, bem mais calmo que o normal, mais solto e posso até dizer, sem ser um palavrão, feliz.
Ele também sabe dos meus planos e referiu que até foi uma das certezas que lhe deu mais força.
Não temos dupla nacionalidade nem um tacho fadado do estado, mas temos ainda coragem para recomeçar toda uma vida. Ou continuar o resto dela.
Pensámos nos amigos que não tiveram esta oportunidade e que se perderam na má vida ou encontraram o seu final mais cedo. Também isso nos dá força para que o nosso possa ser escrito em livro e passado para uma experiência multimedia e multiplataforma de razoável qualidade. Desde que tenha a Angelina Jolie, naturalmente. Há que acabar num tcham!

quarenta e um

Sempre lhes ensinei que o dinheiro não sai dos multibancos como nunca caiu das árvores quando eu era o mais novo. Mas não entendem pois, ao fim e ao cabo, há alguém lá dentro que escolhe as notas que pedimos e depois as enfia pelo buraco. Longe de mim ousar explicar o que é a robótica aliada à informática, também não o conseguiria, mas preocupa-me cada vez mais esta noção que as gerações mais novas têm em relação ao dinheiro. Afinal tudo é fácil, os euros até são poucos para aquilo que é (realmente um computador custar 400 euro não é o mesmo que custar oitenta mil escudos ou contos de reis), os cartões é que pagam e, pasme-se, há-os para cada loja, portanto só se pode ir a tais lojas com tais cartões.
Dizer não porque o fim do mês não permite mais extravagâncias ou excessos, é o mesmo que dizer não aos pedidos e depois a eles próprios quase como se fosse um castigo.
Ninguém entende que já não há, acabou, terminou, finito, kapput, the end, adiós. No more.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

quarenta

Chegado à quarta dezena de escritos, apetece-me deixar uma imagem de esperança e fé para quem ainda quer ser um bom cidadão português na forma de uma gentil e pequena fábula que me vou esforçar por inventar.
Era uma vez um jovem português que queria ser um bom português. Olhou para o horizonte que seria o seu futuro e decidiu-se por uma carreira nas engenharias. Começou como civil mas depressa percebeu que era a tecnologia e informática o passo certo.
E assim fez, tornando-se num excelente e notabilizado jovem com média 20.
Como o seu país lhe fechava as portas e ele ainda continuava a querer ajudá-lo, decidiu aceitar o convite da maior empresa tecnológica mundial. Falta-lhe ainda uns 30 anos para pedir a reforma e prometeu que regressaria a Portugal, investindo numa casa verde com piscina e águas quentes pelo sol, adquirindo participações na JSáCouto e comprando um automóvel eléctrico ao consórcio da Nissan.
Deste modo ajudará tudo e todos.

trinta e nove

Pois estou tão revoltado desde que acordei que nenhum sentimento bonito surge para poder escrevê-lo. Lá se foi o meu estado zen. Este país emperra na burocracia constante, velhaca e antiquada. Assim não vamos lá.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

trinta e oito

Realmente a vida não pára de surpreender-me.
Sou um bocadinho adverso a grandes mudanças e até já perdi um par de oportunidades de mudar de poiso, país e quem sabe se agora estaria mais realizado.
Mas optei sempre pelo conforto tão lusitano, este apego à terra e às minhas gentes, este sentimento tão complicado que é o ser-se português.
No ano passado vivi uma grande mudança. Ainda estou a tentar ambientar-me quando, em poucos meses, tudo parece querer mudar. A princípio foi um complemento normal na vida dos homens, seguiu-se outra que o reforçou e avizinha-se a maior delas todas, daqui a um ano ou pouco mais.
Num repente, vou viver outra ainda muito mais cedo do que estava à espera.

Para quem não gosta de mudar, vai lá vai.

trinta e sete

Após o desabafo de ontem encontro-me extenuado mas a viver um estado zen. Estou perturbado com algumas coisas complicadas mas, pela primeira vez em muitos anos, tenho esperança que o futuro me traga coisas boas que entretanto a vida se esforça por combater.
A minha, como tantas outras, é feita de altos e baixos. E agora que olho para trás não me posso queixar pois se perdi alguma pujança nos últimos anos, consegui bastantes coisas anos antes. Agora está na altura de fazer um balanço a sério, não daqueles que prometemos na passagem do ano ou aquando o aniversário, mas um verdadeiro e completo check-up para perceber finalmente que tudo o que vem a seguir só pode ser bom porque simplesmente tenho a hipótese de o poder fazer e viver.

Não sei se me entendem.